10 - A DIETA MEDITERRÂNEA UNESCO: O PERCURSO DE INSCRIÇÃO
Os percursos de inscrições dos elementos na Lista representativa do Patrimônio cultural da humanidade da UNESCO são percursos difíceis e tortuosos que envolvem ativamente as comunidades locais, na fase inicial, e sucessivamente envolvem também os Estados. Em particular, os últimos entram em jogo durante a fase de negociação que acontece ao interno do comitê intergovernamental, órgão executivo da Convenção pela salvaguarda do Patrimônio cultural imaterial de 2003 que decide quais candidaturas devem ser aceitas e quais devem ser recusadas.
A Dieta mediterrânea é um elemento particular pois é um elemento transnacional que envolve diversos Estados. Desde 2010 os Estados da Dieta mediterrânea são Itália, Espanha, Grécia e Marrocos, e em 2013 o elemento foi alargado a Portugal, Croácia e Chipre. Para cada um desses Estados foram identificadas, na fase redacional, comunidades específicas que tiveram a honra de iniciar com as medidas de salvaguarda para proteger e promover o elemento. As comunidades são: para a Itália Cilento e Pollica; para a Espanha Sória; para a Grécia Koroni; para o Marrocos Chefchaouen, às quais, em 2013, se adicionaram Tavira para Portugal; as ilhas de Brač e Hvar para a Croácia e Agros para Chipre.
O percurso de inscrição da Dieta mediterrânea começa em 2007, com uma declaração conjunta do então ministro italiano das Políticas agrícolas De Castro com o seu homólogo espanhol, que decidem de empenhar-se para levar em frente a candidatura da Dieta Mediterrânea. Em 2008, com a coordenação da Espanha, é feito o primeiro dossiê que vem compartilhado, além da Itália, também com a Grécia e Marrocos. Entretanto, este primeiro dossiê não vem aprovado pelos avaliadores da UNESCO que, em particular, fazem duas críticas principais: a superficialidade do aspecto cultural do elemento e a não identificação das comunidades específicas. A segunda crítica será remediada com a Declaração de Chefchaouen, em 2010, que identifica as sete comunidades emblemáticas.
A Itália então coordena a redação do novo dossiê de candidatura que vem enviado no dia 30 de agosto de 2009 à UNESCO que, em 2010, dará sua aprovação: no dia 16 de novembro o comitê organizador de Nairóbi proclamou a Dieta mediterrânea Patrimônio cultural imaterial da humanidade. Junto com a Dieta mediterrânea, em 2010, o comitê intergovernamental de Nairóbi inscreveu outros dois elementos imateriais na Lista UNESCO: a gastronomia francesa e a cozinha tradicional mexicana.
O processo de candidatura não acaba em 2010, visto que outros Estados podem solicitar o compartilhamento da candidatura do elemento através de um novo formulário. Em 2011 começam os trabalhos de redação do formulário que envolvia, além dos quatro países que já tinham obtido o reconhecimento, também Portugal, Croácia e Chipre. Em 2013 chega a avaliação positiva da UNESCO e o comitê intergovernamental de Baku, no Azerbaijão, em dezembro, estende a Dieta mediterrânea come Patrimônio comum de sete países: Itália, Espanha, Grécia, Marrocos, Portugal, Croácia e Chipre.